O Avanço dos Carros Elétricos no Brasil em 2025: Tendências, Modelos e Infraestrutura
O mercado brasileiro de veículos elétricos está passando por uma transformação significativa em 2025, com números que impressionam e demonstram uma mudança gradual, porém consistente, nos hábitos de consumo dos brasileiros. Segundo dados recentes da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o primeiro quadrimestre deste ano registrou um crescimento de 6,6% nas vendas de veículos eletrificados em comparação ao mesmo período de 2024, totalizando 54.683 unidades comercializadas. Este cenário reflete não apenas uma tendência global de eletrificação, mas também a crescente conscientização ambiental e as políticas de incentivo que começam a ganhar força no país.
O Crescimento do Mercado e os Modelos Mais Vendidos
O mercado de carros elétricos no Brasil tem mostrado uma evolução notável nos últimos anos. Em 2024, as vendas de modelos 100% elétricos (BEVs) saltaram de 19.310 unidades em 2023 para impressionantes 61.615 unidades, representando um aumento de 193,1%. Este crescimento exponencial demonstra que, apesar dos desafios, o consumidor brasileiro está cada vez mais aberto à mobilidade elétrica.
Entre os modelos que lideram as vendas em abril de 2025, o BYD Dolphin Mini se destaca com 2.177 unidades emplacadas. O compacto chinês conquistou o mercado brasileiro com seu design moderno, autonomia competitiva de 280 km (segundo o Inmetro) e preço relativamente acessível de R$ 115.800. Em segundo lugar, encontramos o BYD Dolphin tradicional, com 973 unidades vendidas, seguido pelo Volvo EX30, que registrou 365 emplacamentos no mesmo período.
É interessante observar que a BYD domina o mercado de eletrificados no Brasil, com 8.486 unidades vendidas em abril, considerando tanto os modelos elétricos quanto os híbridos. A fabricante chinesa é seguida pela GWM, com 2.331 unidades, e pela Toyota, com 1.526 veículos comercializados. Este cenário evidencia a forte presença das marcas asiáticas no segmento de eletrificados no país, com as europeias e americanas ainda buscando uma participação mais expressiva.
Acessibilidade e Opções para o Consumidor Brasileiro
Um dos fatores que tem impulsionado o crescimento do mercado de elétricos no Brasil é a ampliação da oferta de modelos em diferentes faixas de preço. O Renault Kwid E-Tech, por exemplo, mantém-se como o carro elétrico mais acessível do país, com preço inicial de R$ 99.990. Apesar da bateria relativamente pequena de 26,7 kWh, que proporciona uma autonomia de 185 km segundo o Inmetro, o modelo representa uma porta de entrada importante para consumidores interessados em fazer a transição para a mobilidade elétrica.
Outros modelos que se destacam pelo custo-benefício incluem o já mencionado BYD Dolphin Mini (R$ 115.800), o Caoa Chery iCar (R$ 119.990) e o Neta Aya (R$ 128.900). Este último, recém-chegado ao mercado brasileiro, oferece uma bateria de 40,7 kWh e autonomia de 263 km, além de um pacote tecnológico competitivo que inclui recursos avançados de assistência à condução.
A faixa de preço entre R$ 100 mil e R$ 250 mil concentra a maior parte das opções disponíveis, o que ainda representa um desafio para a massificação dos veículos elétricos no país. No entanto, a tendência é que, com o avanço tecnológico e o aumento da escala de produção, os preços se tornem gradualmente mais acessíveis nos próximos anos.
Infraestrutura e Desafios para a Mobilidade Elétrica no Brasil
Segundo o especialista Rob de Jong, diretor da Unidade de Mobilidade Sustentável do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), 2025 representa uma oportunidade significativa para acelerar a transição para veículos elétricos no Brasil e em outros países em desenvolvimento. O Pnuma está apoiando mais de 60 nações nesse processo, reconhecendo que o setor de transporte é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa, podendo chegar a 30% do total das emissões no futuro.
Um dos principais desafios para a expansão dos veículos elétricos no Brasil continua sendo a infraestrutura de recarga. Embora tenha havido avanços significativos, com a instalação de eletropostos em rodovias estratégicas e em centros urbanos, a cobertura ainda é insuficiente para proporcionar tranquilidade aos usuários em viagens de longa distância. As principais redes de recarga têm expandido sua presença, mas a concentração ainda é maior nas regiões Sul e Sudeste do país.
Outro aspecto relevante é a percepção pública sobre os veículos elétricos. Como aponta De Jong, existe uma ideia generalizada de que esses veículos são mais difíceis de manejar, excessivamente sofisticados ou arriscados. No entanto, com a maior disponibilidade de modelos e o aumento da infraestrutura de recarga, essa percepção tende a mudar gradualmente.
Perspectivas para o Futuro da Eletrificação no Brasil
O ano de 2025 promete ser intenso para o mercado automotivo brasileiro, especialmente no segmento de eletrificados. Segundo a revista Autoesporte, dos 90 modelos previstos para chegar ao país neste ano, 57 são elétricos ou híbridos. Essa diversidade de opções, que inclui desde subcompactos até SUVs e picapes, deve contribuir para atender diferentes perfis de consumidores e necessidades de uso.
A médio e longo prazo, espera-se que o custo dos veículos elétricos se equipare ao dos modelos a combustão, tornando a escolha mais acessível para um público mais amplo. O Pnuma destaca que, em países como a China, já é possível encontrar carros elétricos familiares por cerca de US$ 15 mil (com subsídios governamentais), e que a manutenção desses veículos tende a ser mais econômica ao longo do tempo.
Além disso, a eletrificação do transporte representa uma oportunidade para o Brasil desenvolver uma cadeia produtiva local, aproveitando recursos como o lítio e outros minerais estratégicos para a fabricação de baterias. Algumas montadoras já anunciaram investimentos em fábricas no país, o que pode contribuir para reduzir custos e gerar empregos qualificados.
Conclusão
O mercado brasileiro de veículos elétricos está em plena transformação, com crescimento consistente nas vendas e ampliação da oferta de modelos. Embora ainda existam desafios significativos relacionados à infraestrutura de recarga e aos preços elevados, as perspectivas são positivas para os próximos anos.
A transição para a mobilidade elétrica representa não apenas uma mudança tecnológica, mas também uma oportunidade para o Brasil reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e desenvolver uma indústria automotiva mais sustentável e inovadora. Com o apoio de políticas públicas adequadas e o engajamento do setor privado, o país tem potencial para se tornar um importante mercado para veículos elétricos na América Latina.
Fontes:
- Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), dados de abril de 2025
- ONU News, “Especialista afirma que tendência de carros elétricos deve subir em 2025”, abril de 2025
- Autoesporte, “Veja os 57 carros elétricos e híbridos que serão lançados em 2025 no Brasil”, janeiro de 2025
- InsideEVs Brasil, “10 carros elétricos mais baratos do Brasil em 2025”, janeiro de 2025
- UAI Notícias, “Confira quais são os carros elétricos mais vendidos do Brasil e com os melhores custo benefício de 2025”, maio de 2025